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O SOFTWARE LIVRE E A FORMAÇÃO TÉCNICA

O software livre foi criado por Richard STALLMAM, e tem como princípio o desenvolvimento colaborativo pelo livre aceso ao código fonte que assegura aos seus usuários quatro liberdades fundamentais: 1. Liberdade de uso para qualquer finalidade; 2. Liberdade de estudar o software completamente; 3. Liberdade de alterar e melhorar o software; 4. Liberdade de redistribuir as alterações feitas. AMADEU (2006).

A utilização do software livre permite que o computador e a rede fiquem mais seguros e o software seja adquirido gratuitamente. A despreocupação com a infecção de vírus, a estabilidade e a gratuidade do software, são as questões que considero como sendo de Primeira Etapa, que são analisadas pelas pessoas ao se converterem ao software livre, que é um primeiro momento. Depois vem a importância de liberdade de estudar o software, modifica-lo e redistribuí-lo. Estas outras questões podem ser consideradas de Segunda Etapa. Só quem já tem uma boa experiência na manipulação das ferramentas do computador é que terá a condição necessária a estas questões num segundo momento. Não que as pessoas que nem mesmo saibam manipular um computador não virão a ter a oportunidade de estudar, modificar e redistribuir o software, mas é uma questão de etapas.

Pelas vantagens do software livre, muitos governos estaduais e prefeituras, empresas e universidades optaram já há bastante tempo pelo software livre.

Exemplo concreto da vantagem financeira, devido ao uso do software livre, pode ser observado no estado do Paraná, governado por Roberto Requião, que em seu discurso de posse enfatizou o uso do software livre: “Desde que o software livre foi implantado, em maio de 2003, até agora, dia 1º de janeiro de 2007, já economizamos 147 milhões de reais, dinheiro que desperdiçaríamos com as empresas que monopolizam o setor”. REQUIÃO (2007)

Se pelo lado financeiro é bom, pelo lado educacional é melhor ainda. Estando aberto, o código-fonte dos programas livres, milhões de pessoas de todo o mundo podem alterar e melhorar o software, ao contrário do software proprietário, que não da ao usuário a possibilidade de aprender e estudar. Com esta compreensão a adaptação pode ser rápida e indolor.

No Tele-centro de Inclusão digital Petrobrás/RITS da ATES de Pelotas, os softwares utilizado nas máquinas são de propriedade intelectual compartilhada e generosa LESSIG (2005), ou seja, rodam através do uso de software livre e utilizam como ferramentas de aceso a internet, produção de textos, gráficos e manipulação de imagens programas que são software livre.

A medida de utilizar software livre e não proprietário gera um choque cultural dentro das relações próprias da Cibercultura, pois a Microsoft – monopólios do mercado mundial de softwares detêm a grande maioria do mercado tornando os seus programas culturalmente mais fáceis de utilizar, enquanto o software livre tem sua chancela livre, ou seja, podem ser modificados e reutilizados sem pagamento dos mesmos, mas são pouco utilizados pela pouca vontade política das instituições como, universidades, governos, repartições públicas, de implementar está dinâmica na utilização dos softwares. Como sabemos aquilo que eu não uso se torna mais difícil pela falta de conhecimento.

Através da citação de Chico Homem de Melo, podemos compreender como a internet e o computador, podem e devem ser conectados a outras atividades como forma de transversalizar o conhecimento. “Anote a receita: evite percursos que só passem por ruas de mão única. O grande antídoto contra o perigo do absolutismo da linguagem digital é a prática permanente do maior leque possível de outras linguagens.” MELO (2003). Realmente o projeto Tele-centro de Inclusão digital Petrobrás/RITS da ATES de Pelotas, está conectado com esta percepção, de que além do Tele-centro, se fazem necessárias outras formas de linguagem em complemento ao computador. Por isso que dentro deste projeto existe uma biblioteca com títulos nacionais, para leitura local onde o usuário pode ler um bom livro enquanto espera o seu horário para acessar a internet, ou para fazer o curso de inclusão digital.

Voltando ao Tele-centro em específico, é bom salientar que existem outros tipos de Tele-centros que não seguem as premissas levantadas neste artigo, como o uso do software livre, a formação continuada e autogestão. Não vamos esmiuçar aqui, como funcionam estas outras experiências, mas é bom lembrar que a ação de simplesmente disponibilizar alguns computadores para aceso a internet não quer dizer que signifique inclusão digital. A concepção para além dos Tele-centros, que pode significar Inclusão Digital deve acompanhar alguns requisitos que seriam: 1. Ter computador ou aceso gratuito, a algum dos três espaços privados ou públicos de aceso a rede: Land House, Tele-centro ou Cibercafé; 2. Saber manipular com eficiência razoável, as ferramentas da comunicação via internet em comunidades de sociabilização, meios de informação e de comunicação e sites educativos; 3. Ter acesso à internet com um mínimo de velocidade para efetuar um bom processamento de dados. Enfatizamos estes requisitos para dividir o que é inclusão digital é o que seria uma simples tentativa.

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